quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lei de imigração no Arizona causa polêmica nos EUA e no mundo

Lei de imigração promulgada no final da semana passada está causando polêmica nos Estados Unidos e no mundo. Há preocupação de que a medida seja insconstitucional e incentive o racismo e o preconceito.

Em uma das redes de relacionamento mais difundida entre os americanos - o Facebook - já existe uma manifestação contra a lei "1 MILLION Strong AGAINST the Arizona Immigration Law SB1070" que já conta com 813,988 membros. E também está circulando na internet uma petição a favor boicote ao estado do Arizona, o "Boycott arizona!"

O presidente Barack Obama também já criticou a medida, que foi foi classificada como "discriminatória, particularmente contra a população latino-americana" pelo secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.

Leia as notícias disponíveis online:

"A lei que criminaliza a imigração ilegal promulgada há cerca de uma semana no Arizona «está mal concebida» e poderá provocar que americanos de origem hispânica sejam assediados pela polícia sem necessidade, afirmou o presidente Barack Obama" Sol Sapo

"Arizona enfrenta boicotepor causa de lei de imigração" Globo Online

"O secretário geral ibero-americano, Enrique Iglesias, também criticou a lei, chamando-a de "dramática" e dizendo que pode resultar em 'graves violações dos direitos humanos'." Folha Online

"O Departamento de Justiça dos Estados Unidos confirmou que estuda a medida perante a possibilidade de que seja nticonstitucional." Estadão Online

"O líder (B. Obama) prometeu pressionar a favor de uma reforma migratória exaustiva para que não haja "o tipo de má legislação que vemos no Arizona ou, o outro extremo, meio milhão de ilegais entrarem no Estado sem nenhum tipo de controle". Terra Notícias

"Os críticos da lei, que provocou muitos protestos nos Estados Unidos, México e países da América Central, afirmam que o texto provocará discriminação racial, já que as autoridades teriam o poder de deter qualquer pessoa que pareça um imigrante ilegal, mesmo que não seja suspeita de nenhuma atividade ilegal." Último Segundo - IG

Toda esta polêmica só reafirma o quanto é latente a discussão trazida no filme de José Joffily, Olhos Azuis, exibido ontem na "Brazilian Night" do Festival de Cinema de Chicago, sobre o tema-problema da imigração no eixo Ámérica Latina x EUA.

O filme estreia em 28 de maio no Brasil. Sigam @olhosazuisfilm no Twitter! 

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Chicago, aí vamos nós!




Já está rolando nos Estados Unidos a 26ª edição do Festival de Cinema de Chicago, o evento começou dia 16 e se estenderá até o dia 29 de abril. Ao todo serão apresentados 120 filmes produzidos na América Latina, Espanha, Portugal e também Estados Unidos. Este ano as homenagens foram dedicadas às cineastas latinas, como Tatiana Gaviola (Chile), Teresa Constantini (Argentina), Mariana Chenillo e Gemma Cubero (México). O diretor do evento, Pepe Vargas, quer valorizar o trabalho das mulheres que trabalham atrás das câmeras.

Além das cineastas, também ganharam destaques os filmes americanos com foco na realidade latina "Made in USA". A vigésima sexta edição deste evento, celebra ainda as contribuições artísticas dos filmes latinos que tratam da temática LGBT (Lésbica/Gay/Bissexual/Transexual). 

E na Brazilian Night do próximo dia 28 a grande atração é "Olhos Azuis", de José Joffily.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

DES YEUX BLEUS dans le Festival du Cinéma Brésilien de Paris

Nas primeiras semanas de maio o cinema brasileiro invade o charmoso cinema parisiense Nouveau Latina na décima segunda edição do Festival de cinema brasileiro de Paris. O evento terá duas semanas de duração, na primeira serão exibidos lonas de ficção e na seguinte é a vez dos documentários.

O homenageado do festival este ano será o artista brasileiro Chico Buarque. Chico ficou muito conhecido na França após a propaganda da música Essa moça tá diferente. "O Festival traz então mais uma faceta da cultura brasileira: vai exibir cerca de 5 filmes que de alguma forma (adaptação, trilha sonora etc) foi inspirado por esse artista boêmio, apaixonado por tantas mulheres, engajado, de letras provocantes tantas vezes censuradas." (org. do Festival)

Quem quiser conferir mais da mostra sobre Chico, clique aqui.

E na semana dos longas de ficção, é a vez também do nosso "Olhos Azuis" marcar sua presença neste notável evento, em que a sétima arte brasileira pode brilhar lá fora. O diretor José Joffily levará ao público francês a história de Marshall (David Rasche), o homem-de-guarda dos portões de entrada americanos, oficial do Departamento de Imigração dos Estados Unidos, que como se pode conferir na sinopse abaixo, não será nada gentil com os latino-americanos que tentam entrar em seu país. 


OLHOS AZUIS (DES YEUX BLEUS)



José Joffily – 2010 – 105 min – Ficção – Cores – VOSTF
6a feira – 7 de maio: 21h30
Domingo – 9 de maio: 14h
Roteiro: Paulo Halm, Melanie Dimantas, Jose Joffily, Jorge Duran
Edição: Pedro Bronz
Diretor de Fotografia: Nonato Estrela
Som: François Wolf
Produção executiva: José Joffily e Heloísa Rezende
Produção: Coevos Filmes e REC / AMERICINE
Elenco: David Rasche , Cristina Lago , Irandhir Santos , Erica Gimpel , Frank Grillo
Com a presença do diretor José Joffily
OLHOS AZUIS 2Sinopse:Marshall foi chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK. Cego pelo seu próprio preconceito e arrogância, abusou de sua posição ao deter um grupo de latino-americanos expondo-os a uma série de situações humilhantes que terminou em tragédia. Debilitado por uma grave doença, Marshall viaja ao Brasil em busca de redenção.
Festivais:
- Festival de Paulínia, prêmios: Melhor som, melhor atriz, melhor ator coadjuvante, melhor montagem, melhor filme, melhor roteiro
Biografia do diretor:
José Joffily nasceu em 1945 em Paraíba, Brasil. Formado em comunicação, hoje trabalha simultaneamente como produtor, roteirista e diretor. Além disso, foi professor durante 3 anos do departamento de cinema da Universidade Federal Fluminense e Presidente da Associação de Diretores brasileiros (ABRACI).
Vendas Internacionais:
Coevos Filmes
contato@coevos.com.br




OLHOS AZUIS 3OLHOS AZUIS 4

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um filme multiétnico

Uma curiosadade sobre o longa Olhos Azuis é que este não tem apenas os personagens multiétnicos, o elenco também foi bastante diverso culturalmente, com atores dos países de origem dos próprios personagens:

"Uma das razões na demora para a produção do filme foi que sempre considerei que o elenco deveria ser originário dos países dos personagens. Fazer essa agenda foi difícil, cara e trabalhosa, mas necessária. Contratamos agências na Argentina e nos EUA. Vi testes gravados e depois viajei para ratificar as escolhas." - explicou o diretor José Joffily.

Depois de todo esse empenho na construção de um elenco estrangeiro, o diretor se aproveitou das características reais de seus atores para explorar traços físicos dos seus personagens. Traços que, na história de Olhos Azuis, um filme que trata o sentimento da alteridade com tanta urgência, não podiam ser tratados apenas como meros detalhes.

Por conta desta característica do elenco, o set  se transformou num verdadeiro laboratório linguístico. Se falava inglês, espanhol, span-english e portunhol! Tudo isso colaborou também para que os atores brasileiros, Cristina Lago (a Bia, no filme) e Irandhir Santos (o Nonato), ganhassem intimidade com o idioma novo para eles, a língua dos olhos azuis do personagem Marshall, o inglês. "Depois do primeiro dia - conta o diretor - todos se entendiam, todos tocavam a mesma música."

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Jane Elliot e os "seus" Olhos Azuis


“A pedagoga americana, Jane Elliot, organizava uma oficina sui-generis A proposta era oferecer a possibilidade dos americanos conhecerem na prática as dores de pertencer a uma minoria. Os interessados, os “olhos azuis”, sentavam-se no chão, tendo em sua volta um semi-círculo formado por representantes de minorias, chamados de “olhos negros”. A pedagoga estimulava o confronto, duvidando da verdade das respostas dos “olhos azuis” e promovendo o início um duelo, no qual ela sempre saia vencedora e os “olhos azuis” submetidos a sua lógica implacável. O documentário nos serviu de inspiração.” José Joffily.


Além do depoimento de seu amigo deportado pelo departamento de imigração americano, como vimos no post anterior, em trecho do Making Of, o trabalho da professora americana Jane Elliot também serviu de inspiração para o jogo travado entre os "olhos azuis" e os "olhos negro" a que Joffily deu vida em seu longa-metragem, que não por acaso, entitulou-se "Olhos Azuis".

O trabalho de Jane Elliot pode ser conferido no You Tube também:



Na descrição do vídeo acima, que é a primeira parte de onze disponíveis no You Tube, encontra-se o seguinte texto, que já dá uma dica do que foi a obra de Elliot:

Uma dinâmica de grupo (ou workshop) idealizada por Jane Elliot no fim dos anos 60, quando foi aplicada em forma de exercício na escola onde lecionava. Ganhou um prêmio Emmy. "Olhos Azuis" (Blue Eyed) mostra como o preconceito pode ser gerado, enraizado e multiplicado, numa pessoa ou grupo, até que se torne real, gerando discriminação, baixa auto-estima. Como uma pessoa (ou grupo) pode ser mantida num estado de inferioridade e desvantagem; com a sociedade construindo e perpetuando "ferramentas" para isso. Aqui, a discriminação baseada na cor dos olhos (azuis), espelha o que ocontece em nosso cotidiano. Na palestra, as pessoas com olhos azuis recebem os rótulos negativos usados contra mulheres, negros, homossexuais, deficientes, judeus... Blue Eyed é um documentário incrível, indispensável, impactante, forte. Que sirva de lição. "Se algum branco gostaria de receber o mesmo tratamento dados aos cidadãos negros em nossa sociedade, levante-se. (...) Ninguém se levantou. Isso deixa claro que vocês sabem o que está acontecendo. Vocês não querem isso para vocês. Quero saber por que, então, aceitam isso e permitem que aconteça com os outros." - Jane Elliot http://www.janeelliott.com/index.htm

Por dentro de "Olhos Azuis"

Quer ficar por dentro da história do filme Olhos Azuis que entrará no circuito de cinemas em 28 de maio? Dê uma conferida no vídeo abaixo. É o trecho do Making Of do filme em que o diretor José Joffily conta o que lhe deu inspiração para fazer este filme.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Você já viu o filme Olhos Azuis? Sim? Então...

Se você já teve oportunidade de assistir ao filme "Olhos Azuis", de José Joffily, no Festival do Rio ou no Festival de Paulínia 2009, dê o seu pitaco sobre o filme na Web! O que não falta é espaço!

Nossos canais na web são: Olhos Azuis - O Filme Twitter: http://twitter.com/OlhosAzuisFilm siga, dê RT nos tweets e quando citar o filme use a tag #OlhosAzuis Facebook: http://bit.ly/olhosfb seja amigo do filme no Facebook, comente e compartilhe nossas postagens, fotos e vídeos YouTube: http://bit.ly/olhosyt inscreva-se no nosso canal, adicione nossos vídeos a suas listas de reprodução, se inscreva, comente e favorite nosso trailer Orkut: http://bit.ly/Olhosokt1 Adicione nosso perfil, deixe recados, indique para amigos e entre na Comunidade: http://bit.ly/Olhosokt2 Site Oficial: http://bit.ly/oasite Sinopse, Trailer, Depoimentos, Fotos, Blog e muito mais.

Agradecemos a sua participação.

Festival do Rio: Olhos Azuis

Do site: Cine com pipoca, setembro, 2009. 

Gênero: Drama

Duração: 105 min.

Roteiristas: Paulo Halm e Melanie Dimantas

Diretor: José Joffily
Com o aumento da produção cinematográfica no Brasil, é natural que os diretores e produtores comecem a explorar caminhos diferentes dos já traçados. Ao invés de especular sobre violência, crianças abandonadas, tráfico de drogas e miséria, temas tão recorrentes em nossa cinematografia, José Joffily tira partido de outro assunto, não menos importante, que é a eterna soberania americana sobre a realidade brasileira.
Ao cruzar as histórias de Nonato, imigrante pernambucano e Marshall, chefe do departamento de Imigração do Aeroporto de JFK nos E.U.A., Joffily traça um paralelo escancarando o enorme abismo cultural entre as duas nações, jamais dito com tanta veracidade. Joffily apresenta este belo e feroz thriller com um maravilhoso compasso e ritmo raramente vistos em filmes brasileiros.

O filme é uma espécie de mea culpa expiatória e destila toda a ira, raiva e rancor que os imigrantes causam nos hipócritas americanos. Expondo a xenofobia escancaradamente, a câmera de Joffily atua como uma testemunha da queda de um império que sempre soube acolher os imigrantes de braços abertos e agora os rejeita, humilha e despreza.

Olhos Azuis é um filme que conta a história de um homem cego pelo seu próprio preconceito e arrogância, que o levam a cometer atitudes extremadas. Forçado por sua consciência, este homem busca sua redenção em uma terra distante da sua. Marshall começa sua jornada em Recife e, com ajuda de Bia, uma prostituta poliglota, cruzarão o estado de Pernambuco em busca de ajuda para salvar-se de uma culpa aflitiva.

Através de flashbacks, conhecemos as razões para a peregrinação desgostosa de Marshall, e nos tornamos testemunhas de suas verdadeiras convicções.

O elenco internacional é outro trunfo da produção. David Rasche compõe um Marshall autêntico. Seu deboche e arrogância com os imigrantes chegam a nos irritar. Ele representa anos e anos de autoridade em fase de estado terminal. Bêbado, doente e atrevido ele representa o último grito de uma nação podre e decadente.

Irandhir Santos faz Nonato perfeito que, basicamente, é o pivô de toda a situação. Seu personagem torna presente a conformação secular de um Brasil subjugado pelo poder majoritário que, mesmo rebelando-se, acaba sendo reprimido. Cristina Lago interpreta Bia, a garota que ajuda Marshall em sua romaria. Cristina tem uma presença cativante e transforma seu personagem em algo além de uma simples prostituta abandonada. Ela acolhe o monstro carinhosamente e surge como a esperança da aversão de Marshall pelos estrangeiros.

Olhos Azuis é a comprovação que o cinema nacional esta se tornando amadurecido e adulto e sabe muito bem aonde que chegar. São filmes como este que sepultam de vez a incapacidade brasileira em fazer um cinema plenamente desenvolvido e, arrisco-me a dizer, muito melhor do que os norte americanos.

Nota: 9,5

Crítico: Ricardo Pinto

Maio: Irandhir Santos em dose dupla

Esta semana rolou no Rio de Janeiro a pré-estreia do filme "Quincas Berro D'Água", o segundo longa de ficção do diretor Sérgio Machado, inspirado em uma das obras mais populares do querido escritor baiano Jorge Amado, um dos brasileiros mais traduzido em todo o mundo. Salve Jorge!

O filme foi exibido pela primeira vez no Rio de Janeiro em uma sessão especial para blogueiros, muito bacana, e arrancou muitos aplausos do público que já se sentia em casa, ou melhor, no bar (!) com o incurável boêmio e dono do flme, que nem depois de morto quis sair da farra.

No filme, o ex-funcionário público baiano Quincas Berro d’Água é encontrado morto em seu quarto. Seus melhores amigos, inconformados com a morte do "painho", roubam o corpo do companheiro do velório com a família e o carregam pelas ruas de Salvador para uma última noite farra, bebida e confusão!  

A pré-estreia foi uma festa, bem ao gosto do anfitrião e com direito a muitos flashes! As fotos dos convidados cariocas com o espirituoso Quincas - na telona, interpretado pelo grande Paulo José - já podem ser conferidas no site do filme.

No filme também encontramos o nosso ator Irandhir Santos (o Nonato de Olhos Azuis), em uma interpretação brilhante, na pele de um dos fiéis amigos do beberrão, o simpático Cabo Martim. Ao seu lado encontram-se outros hilários companheiros de copo, de vida e de morte do rei dos botecos de Salvador - Pastinha (Flávio Bauraqui), Pé de Vento (Luis Miranda ) e Curió (Frank Menezes). Que figuras!



Marieta Severo, Mariana Ximenes e Vladmir Brichta também participam da festa! Parabéns a toda equipe e elenco do Quincas Berro D´Água pelo belíssimo trabalho!

E parabéns também a Irandir Santos, que em maio vai para as telonas com duas grandes estreias. Dia 14/05, com Quincas Berro D´Água, essa deliciosa comédia com que Sérgio Machado presenteia o cinema nacional  e, finalmente, dia 28/05, mudando radicalmente de gênero, no estrepitoso e emocionante suspense de José Joffily, Olhos Azuis.

Um brinde!!!


Não perca as estreias nacionais de maio nos cinemas. Se "Quincas" promete muitas risadas numa história impressionantemente bem contada, o trillher de Joffily promete altas doses de tensão! Prepare-se para prender a respiração com a gente em 28 de maio!

Mais informações sobre Olhos Azuis, sinopse, trailer, elenco, depoimentos, prêmios e muito mais no site oficial do filme.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Minha Cabeça é Vermelha, Azul e Branca, Meu Coração Verde e Amarelo

O site Brasileiros nos Estados Unidos traz uma série de informações utéis a brasileiros que desejam viajar, estudar ou viver nos Estados Unidos. Além de oferecer gratuitamente um "Guia para novos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos" (em português), que pode ser muito valioso para quem acabou de chegar lá, o portal possui uma série de artigos de opinião bem interessante. A leitura dos artigos, bem como dos comentários feitos pelos leitores, revela um pouco do que há no imiginário dos brasileiros que, como Nonato (Irandhir Santos), o brasileiro do filme Olhos Azuis, decidiram tentar a vida lá.

Uma característica bem marcante no perfil dos brasileiros que vão para os EUA, segundo alguns artigos deste site, é que muitos já viajam para o novo país com a idéia de voltar para o Brasil após um período relativamente curto. Acontece que com o passar do tempo, a medida em que vão se adaptando, estes brasileiros vão cada vez mais abandonando a idéia do retorno rápido à terra natal, em troca de um pouco mais de tempo para trabalhar e juntar dinheiro nos Estados Unidos. A grande maioria é formada por aqueles obstinados em ganhar dinheiro ali para depois realizar os seus sonhos no Brasil,mas apesar disso há quem acabe mudando de idéia.

Um artigo curioso, que talvez pudesse ter sido escrito pelo próprio Nonato em um de seus momentos de nostalgia da sua vida no Brasil, principalmente de sua filha Luisa, é homônimo a este post e retrata bem a saudade angustiante que apesar dos fascínios da fabulosa América, faz o coração permanecer verde e amarelo.


Do site "Brasileiros nos Estados Unidos ponto com"


Os Estados Unidos é o país das oportunidades. É onde muitos de nós viemos buscar os nossos sonhos de viver uma vida melhor, com segurança, justiça, liberdade, e principalmente com uma melhor condição financeira. Para muitos imigrantes Brasileiros nos Estado Unidos, aqui é a nossa nova casa, temporária ou permanente.


Muitos Brasileiros vieram com planos de passar pouco tempo para juntar um bom dinheiro e logo voltar. Mas a realidade muitas vezes nos leva a ficar mais tempo do que originalmente programado. Outros já vieram com a intenção de ficar por aqui por um tempo indefinido. Quem sabe talvez voltar para a aposentadoria. Seja lá qual tenha sido o seu plano, o tempo vai passando, e logo você começa a se adaptar. Em pouco tempo você encontra um lugar para ficar, faz novos amigos, arruma um emprego, começa a falar bem o Inglês, e de repente você já está até participando das comemorações dos feriados de 4 de Julho e do Thanksgiving.


Sem você perceber, a sua cabeça começa a mudar. Você não é mais a mesma pessoa que chegou e a sua maneira de pensar já não bate com aquelas idéias que você trouxe do Brasil. É quando você encontra com outro Brasileiro recém chegado que você nota a diferença. É muito fácil entrar na rotina e adotar os hábitos dos Americanos: de trabalhar exaustivamente; de não aparecer na casa do outros sem avisar; ou até mesmo algo tão simples como não atravessar a rua até que o semáfaro para pedestres lhe diga que é seguro.


Confesse, se você está nos Estados Unidos a algum tempo, a sua cabeça mudou e trocou de cor. Agora é vermelha, azul e branca. Isso é quase inevitável.


Mas e o coração? Esse é bem mais teimoso. O nosso amor pelas coisas da nossa terra natal jamais nos deixa. Seja o sabor especial do nosso café, a beleza de nossa música, a ginga do nosso futebol, isso tudo faz parte do que somos e fica conosco para sempre. Por mais que você tente, as coisas aqui não têm o mesmo gostinho. Ir a praia nos Estados Unidos não se compara com ir a praia no Brasil. E quem já tentou entrar na onda da grande final do futebol americano, o Super Bowl, sabe bem que apesar de toda a badalação, a emoção jamais se compara com o sentimento que temos ao ver o nosso time jogar o verdadeiro futebol.


O poema “A Canção do Exílio” é um retrato pefeito do sentimento de muitos imigrantes Brasileiros nos Estados Unidos, ou em qualquer outro país:


Canção do Exílio


“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.”


Gonçalves Dias


Por mais que a gente se adapte ao país adotado, e que a nossa maneira de pensar mude, os nosso sentimentos continuam os mesmos. O amor pelo Brasil e as coisas da gente ficam conosco para sempre. E quando a saudade baixa, não é fácil.


A minha cabeça pode ter se tornada vermelha, azul e branca, mais o meu coração sempre seré verde e amarelo.
O autor do texto, como se vê, é mais um dos amantes do futebol, imaginemos em ano de Copa do Mundo, como o é 2010, como fica esse coração!
Apesar de cientificamente as "essências" brasileiras embutidas no texto acima não serem exatamente comprovadas, percebemos que o que falta ao brasileiro o escreve é este algo descrito como "gostinho" das "coisas da gente". Enfim, é um texto que fala de saudade, palavra que aliás, não é traduzida no inglês.

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A história do brasileiro interpretado pelo ator Irandhir Santos e outros latino-americanos barrados no baile pelo Sr. Marshall (David Rasche), chefe do Departamento de Imigração americana no filme de José Joffily, entra no cirtuito de cinemas brasileiros no final do mês de maio. Acompanhe o Twitter do filme @olhosazuisfilm 

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Quando o sonho vira pesadelo

Em Olhos Azuis, José Joffily reconstrói uma parte - talvez a mais esperada - da viagem daqueles que sonham em viajar nos Estados Unidos: a entrada no país.

Nos minutos que precedem o primeiro passo em solo americano fora do aeroporto o coração está acelerado, as emoções a flor da pele. Afinal, estas pessoas se dedicaram muito tempo para conseguir pagar o bilhete aéreo e conseguir reunir todos os outros documentos necessários para conseguir a permissão de entrar no país. Porém, nem sempre ter os documentos "OK" é garantia de que vá correr tudo bem.

Existem diversos fóruns de discussão e mesmo de ajuda para aqueles que querem fazer esta viagem. No site de relacionamentos mais acessado do Brasil, o Orkut, há comunidades em que as pessoas trocam todo o tipo de informações, desde o que se pode levar nas malas, o que não se deve levar, onde e como preparar o visto, custos, prazo, melhores cidades para se viver lá... Tudo! Há realmente um grupo de interessados organizados em "fazer acontencer" este sonho. Interessante também é perceber que após cruzar esta fronteira, muitas pessoas voltam a comentar nestas comunidades, trazendo depoimentos sobre a felicidade de estar lá e, certamente, excitando ainda mais a imaginação daqueles que ainda estão tentando conseguir visto.

Há quem queira ir para lá estudar, há quem queira ir para trabalhar e há aqueles que, independente do que vão fazer lá, almejam viver nos Estados Unidos da América. 

Esta vontade tão urgente de tentar a vida lá, muitas das vezes, levou pessoas a tentarem a travessia ilegal pelo México. Em 2005, a Rede Globo produziu e exibiu a telenovela "América", escrita por Glória Perez, que mostrou um pouco deste ideal quase "fanático", de pessoas que a qualquer preço querem ir viver nos Estados Unidos para tentar lá uma vida melhor.

A novela causou polêmica entre brasileiros que já viviam nos Estados Unidos, como se pode ler nesta matéria da BBC Brasil, dividindo a opinião: alguns se identificavam com o drama vivido pela personagem Sol (Débora Secco) e outros criticavam o que consideravam exagerado nas dificuldades que a personagem enfrentou.

Histórias reais, parecidas com as de Sol e dos latino-americanos do filme de Joffily é que não faltam. O filme Olhos Azuis, que vai para as telonas em 28 de maio, mostra toda a tensão já dentro do departamento de imigração americano, a barreira enfrentada por quem tenta fazer a entrada pela porta da frente, mas há também muitos relatos e notícias de pessoas que passaram por situações quase inacreditáveis ao tentar fazer a travessia ilegal, via México, como a jovem brasileira da notícia abaixo:

BBC Brasil:
Paulista teve que nadar e correr por duas noites

Quando pegou o vôo de São Paulo para o México, no dia 9 de maio, a paulista Daniela, 21 anos, nem imaginava como seriam seus próximos dias. Ela queria morar nos Estados Unidos e, depois de ter o visto americano recusado pelo consulado, achou que tinha um bom plano para entrar no país.

Daniela estudava inglês na cidade onde mora, no interior do Estado, e achava que nunca seria fluente no idioma se não passasse uma temporada nos Estados Unidos.

Estimulada por amigos que já viviam no Texas, ela decidiu arriscar a travessia ilegal via México, a exemplo do que fez uma amiga, alguns anos atrás. Daniela pagou um agenciador – um "coyote", como eles são conhecidos aqui nesta região da fronteira – para organizar a travessia de carro por uma das pontes que cortam o Rio Grande, na divisa do México com o Estado do Texas.

Mas a travessia fácil que ela tinha planejado – e pela qual combinou que pagaria US$ 2,7 mil – não aconteceu. Ela teve que atravessar o rio a nado.

"Quando me contaram que teria que nadar, pensei que fosse um córrego, com água até a cintura", contou Daniela. Bem diferente disto, o Rio Grande é estreito, mas é fundo, rápido, com uma correnteza perigosa, que às vezes não é vista da superfície.
Pacote turístico
A viagem começou com um pacote turístico para Cancún, com conexão na Cidade do México. Fazendo a rota de milhares de brasileiros todos os anos, ela não despertou desconfiança dos oficiais de Imigração que carimbaram seu passaporte na capital mexicana.
Mas Daniela não pegou o avião para Cancún. Ela passou o dia no aeroporto e no fim da tarde tomou um outro, para Reynosa, na margem mexicana do Rio Grande, divisa com os Estados Unidos.
 Eu não escolhi passar por isso. Pensei que fosse passar de carro, e no caminho tudo foi mudando.
Daniela
Foi aí que começaram as dificuldades. Única não mexicana do vôo, Daniela foi colocada numa sala e questionada durante várias horas por funcionários da Imigração de Reynosa, que só a liberaram quando o aeroporto estava para fechar, depois de pedir US$ 300. O tempo todo ela disse que estava na cidade para visitar amigos.
O pagamento de propinas a oficiais de Imigração mexicanos foi relatado ao cônsul brasileiro em Houston, Milton Torres da Silva, por vários brasileiros presos nos centros de detenção aguardando deportação para o Brasil.
"Eles me contaram que foram subornados por pessoas de farda, alguns já no aeroporto da Cidade do México", disse o cônsul.
Do aeroporto, Daniela foi levada ao Hotel Conchita, por um taxista arranjado pelo funcionário de Imigração, que não cobrou a corrida e fez questão de levá-la até a porta do quarto.
Ela recebeu telefonemas de um outro agenciador, oferecendo-se para levá-la até os Estados Unidos, mas a aventura começou mesmo quando ela foi contactada pelo coyote com quem tinha combinado a viagem, ainda no Brasil.
Só aí ela ficou sabendo que não atravessaria a ponte de carro, como tinha sido combinado, mas a nado. "Minha mãe queria que eu voltasse, mas eu resolvi seguir assim mesmo, porque não me dei conta do perigo e das dificuldades", contou.
Pneu de caminhão
Ela atravessou o rio, com a ajuda de uma câmara de pneu de caminhão. Eram duas mulheres, quatro homens e dois coyotes. "Atravessamos o rio e depois corremos, corremos até que não aguentei mais", contou.
Rio em Reynosa, fronteira México-Estados Unidos
Imigrantes combinam travessia de carro mas precisam cruzar fronteira a nado
Depois de andar e correr a noite inteira, foram recolhidos por uma pessoa de carro, que os levou até um hotel, onde passaram o dia sem poder sair do quarto.
Na noite seguinte, andaram de carro por uma hora e passaram outra noite andando e correndo por uma trilha no mato, na beira da estrada.
"De manhã chegamos a uma parada de caminhão, onde descansamos um pouco, veio um carro que nos levou até outro hotel. Depois veio uma perua que nos levou até Houston", contou Daniela.
"No total a viagem durou dois dias e duas noites. Dois dias escondida no hotel e duas noites andando."
Quando finalmente chegou a um local que considerou seguro, Daniela ficou uma semana de cama, delirando à noite, pensando nos perigos pelos quais passou. "É muito perigoso. Eu tive sorte, mas não aconselho ninguém a passar por isso", diz ela. (...) continua aqui
Esta notícia, como o depoimento de Jairo Macedo Sierra sobre a experiência de sua amiga com a imigração inglesa que reproduzímos aqui neste blog é outra história que parece filme. Quase inacreditável, não? 






Não perca de vista: Olhos Azuis - 28 de maio, nos cinemas.


Confira o trailer.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Perfil novo no Twitter!

Oba! Notícia fresquinha para os leitores do blog: Temos um novo perfil no Twitter, por favor, sigam e indiquem para os seus amigos:

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Parece filme...

Provavelmente quem já teve oportunidade de assistir ao filme Olhos Azuis deve ter lembrado de alguma história contada por um amigo ou conhecido sobre problemas ocorridos durante viagens, problemas nas fronteiras dos outros países, problemas que poderíamos, em uma palavra, chamar de desrespeito.

Navegando em busca de notícias sobre o tema do nosso filme - imigração - encontramos notícias poderiam muito bem passar por notas absurdas de ficção, mas infelizmente são reais.

Vejam só a história que encontramos nos comentários em uma notícia de 2008, Deportação e maus-tratos: uma realidade

Em 2006 eu e minha esposa fizemos uma viagem “a Europa com o único objetivo de fazer turismo.

Fomos muitíssimo bem recebidos na França, ficamos algum tempo em Paris quando decidimos visitar um casal de amigos em Londres. Entramos em contato com o casal e ficamos de visitá-los com nossa chegada programada para o dia seguinte.

Como a viagem de Paris a Londres leva cerca de oito horas de ônibus, compramos passagens e embarcamos rumo àquele destino, pois fomos orientados que uma vez aceitos por qualquer país da Comunidade não haveria obrigatoriedade da apresentação de vistos ou qualquer outra formalidade.

Ficamos detidos na aduana, nos fotografaram e carimbaram nossos passaportes como meio de impedir novas visitas, além de termos ficado incomunicáveis por mais de doze horas, sem alimentação ou local para descanso, e de sermos escoltados de volta a França em carro da polícia francesa, "carona" esta que jamais tive o desprazer de receber até mesmo em meu país.

O que mais me chocou é que ao chegar ao Brasil, escrevi para o Ministério das Relações Exteriores para denunciar o caso. Apesar de ter feito a postagem em Carta Registrada, até hoje Itamaraty sequer se dignou a nos responder, o que nos causou perplexidade.

Algo semelhante ocorreu com a amiga que eu ia visitar em Londres. Como não conseguimos ir à Londres, ela se dispôs a nos encontrar em Paris.

Ela ficou conosco em visita por três dias. No retorno para londres ela ficou detida por cerca de seis horas na mesma aduana inglesa que eu e minha esposa ficamos.

Os oficiais da imigração deram para ela um documento onde ela autorizaria a execução de um exame radiológico para constatar se ela estava ingressando no país com drogas dentro do estomago. Como ela estava em início de gestação, é claro, não autorizou. Ato contínuo, foi encaminhada para realização de "exame ginecológico", condição esta para que ela pudesse entrar novamente em território inglês.

Parece chocante? Digo mais, é absurdo, pois tal amiga é brasileira, mas possui cidadania portuguesa, o que a autoriza a entrar como européia em qualquer país da comunidade. Além do mais, possuia ela a este tempo endereço fixo e vínculo de emprego em Londres, ou seja, não é absolutamente o caso de ter sido confundida com uma imigrante ilegal, mesmo por que sua situação na Inglaterra era a de imigrante legal.

Quando ela me telefonou e contou o constrangimento pelo qual ela havia passado quando foi me visitar em Paris, eu disse a ela que estaria ainda naquela semana encaminhando uma Representação formal ao Itamaraty. Ela disse que faria o mesmo no consulado do Brasil na Inglaterra, assim como no de Portugal.

E qual o resultado de tudo isso? Minha missiva ao Itamaraty caiu no vazio. A reclamação dela no consulado brasileiro na Inglaterra também, sendo que a única representação diplomática que cobrou satisfação da Inglaterra pelo ocorrido com ela foi a diplomacia portuguesa.

Toda essa experiência me levou a crer que, se não somos respeitados no exterior é porque também não somos respeitados dentro de nosso próprio país.

Aprendi com isso tudo que mostrar nosso passaporte verde em qualquer país do mundo nos deixa atemorizados.

Felicito a iniciativa do governo brasileiro, ainda que tardiamente, de aplicar a política da reciprocidade, pois devemos, falando enquanto cidadão deste país, tratar os estrangeiros da mesma forma que por eles somos tratados quando viajamos.
É importante lembrar sempre que a dignidade humana não tem fronteiras e não respeita limites geográficos. (Jairo Macedo Sierra)

Olhos Azuis, de José Joffily, trata do tema da imigração, mas no longa-metragem, os latinos são barrados em um aeroporto dos Estados Unidos. Quer saber mais sobre o filme? Assista ao trailer no site oficial.