segunda-feira, 5 de abril de 2010

Parece filme...

Provavelmente quem já teve oportunidade de assistir ao filme Olhos Azuis deve ter lembrado de alguma história contada por um amigo ou conhecido sobre problemas ocorridos durante viagens, problemas nas fronteiras dos outros países, problemas que poderíamos, em uma palavra, chamar de desrespeito.

Navegando em busca de notícias sobre o tema do nosso filme - imigração - encontramos notícias poderiam muito bem passar por notas absurdas de ficção, mas infelizmente são reais.

Vejam só a história que encontramos nos comentários em uma notícia de 2008, Deportação e maus-tratos: uma realidade

Em 2006 eu e minha esposa fizemos uma viagem “a Europa com o único objetivo de fazer turismo.

Fomos muitíssimo bem recebidos na França, ficamos algum tempo em Paris quando decidimos visitar um casal de amigos em Londres. Entramos em contato com o casal e ficamos de visitá-los com nossa chegada programada para o dia seguinte.

Como a viagem de Paris a Londres leva cerca de oito horas de ônibus, compramos passagens e embarcamos rumo àquele destino, pois fomos orientados que uma vez aceitos por qualquer país da Comunidade não haveria obrigatoriedade da apresentação de vistos ou qualquer outra formalidade.

Ficamos detidos na aduana, nos fotografaram e carimbaram nossos passaportes como meio de impedir novas visitas, além de termos ficado incomunicáveis por mais de doze horas, sem alimentação ou local para descanso, e de sermos escoltados de volta a França em carro da polícia francesa, "carona" esta que jamais tive o desprazer de receber até mesmo em meu país.

O que mais me chocou é que ao chegar ao Brasil, escrevi para o Ministério das Relações Exteriores para denunciar o caso. Apesar de ter feito a postagem em Carta Registrada, até hoje Itamaraty sequer se dignou a nos responder, o que nos causou perplexidade.

Algo semelhante ocorreu com a amiga que eu ia visitar em Londres. Como não conseguimos ir à Londres, ela se dispôs a nos encontrar em Paris.

Ela ficou conosco em visita por três dias. No retorno para londres ela ficou detida por cerca de seis horas na mesma aduana inglesa que eu e minha esposa ficamos.

Os oficiais da imigração deram para ela um documento onde ela autorizaria a execução de um exame radiológico para constatar se ela estava ingressando no país com drogas dentro do estomago. Como ela estava em início de gestação, é claro, não autorizou. Ato contínuo, foi encaminhada para realização de "exame ginecológico", condição esta para que ela pudesse entrar novamente em território inglês.

Parece chocante? Digo mais, é absurdo, pois tal amiga é brasileira, mas possui cidadania portuguesa, o que a autoriza a entrar como européia em qualquer país da comunidade. Além do mais, possuia ela a este tempo endereço fixo e vínculo de emprego em Londres, ou seja, não é absolutamente o caso de ter sido confundida com uma imigrante ilegal, mesmo por que sua situação na Inglaterra era a de imigrante legal.

Quando ela me telefonou e contou o constrangimento pelo qual ela havia passado quando foi me visitar em Paris, eu disse a ela que estaria ainda naquela semana encaminhando uma Representação formal ao Itamaraty. Ela disse que faria o mesmo no consulado do Brasil na Inglaterra, assim como no de Portugal.

E qual o resultado de tudo isso? Minha missiva ao Itamaraty caiu no vazio. A reclamação dela no consulado brasileiro na Inglaterra também, sendo que a única representação diplomática que cobrou satisfação da Inglaterra pelo ocorrido com ela foi a diplomacia portuguesa.

Toda essa experiência me levou a crer que, se não somos respeitados no exterior é porque também não somos respeitados dentro de nosso próprio país.

Aprendi com isso tudo que mostrar nosso passaporte verde em qualquer país do mundo nos deixa atemorizados.

Felicito a iniciativa do governo brasileiro, ainda que tardiamente, de aplicar a política da reciprocidade, pois devemos, falando enquanto cidadão deste país, tratar os estrangeiros da mesma forma que por eles somos tratados quando viajamos.
É importante lembrar sempre que a dignidade humana não tem fronteiras e não respeita limites geográficos. (Jairo Macedo Sierra)

Olhos Azuis, de José Joffily, trata do tema da imigração, mas no longa-metragem, os latinos são barrados em um aeroporto dos Estados Unidos. Quer saber mais sobre o filme? Assista ao trailer no site oficial.








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente! Queremos saber a sua opinião.