terça-feira, 13 de abril de 2010

Minha Cabeça é Vermelha, Azul e Branca, Meu Coração Verde e Amarelo

O site Brasileiros nos Estados Unidos traz uma série de informações utéis a brasileiros que desejam viajar, estudar ou viver nos Estados Unidos. Além de oferecer gratuitamente um "Guia para novos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos" (em português), que pode ser muito valioso para quem acabou de chegar lá, o portal possui uma série de artigos de opinião bem interessante. A leitura dos artigos, bem como dos comentários feitos pelos leitores, revela um pouco do que há no imiginário dos brasileiros que, como Nonato (Irandhir Santos), o brasileiro do filme Olhos Azuis, decidiram tentar a vida lá.

Uma característica bem marcante no perfil dos brasileiros que vão para os EUA, segundo alguns artigos deste site, é que muitos já viajam para o novo país com a idéia de voltar para o Brasil após um período relativamente curto. Acontece que com o passar do tempo, a medida em que vão se adaptando, estes brasileiros vão cada vez mais abandonando a idéia do retorno rápido à terra natal, em troca de um pouco mais de tempo para trabalhar e juntar dinheiro nos Estados Unidos. A grande maioria é formada por aqueles obstinados em ganhar dinheiro ali para depois realizar os seus sonhos no Brasil,mas apesar disso há quem acabe mudando de idéia.

Um artigo curioso, que talvez pudesse ter sido escrito pelo próprio Nonato em um de seus momentos de nostalgia da sua vida no Brasil, principalmente de sua filha Luisa, é homônimo a este post e retrata bem a saudade angustiante que apesar dos fascínios da fabulosa América, faz o coração permanecer verde e amarelo.


Do site "Brasileiros nos Estados Unidos ponto com"


Os Estados Unidos é o país das oportunidades. É onde muitos de nós viemos buscar os nossos sonhos de viver uma vida melhor, com segurança, justiça, liberdade, e principalmente com uma melhor condição financeira. Para muitos imigrantes Brasileiros nos Estado Unidos, aqui é a nossa nova casa, temporária ou permanente.


Muitos Brasileiros vieram com planos de passar pouco tempo para juntar um bom dinheiro e logo voltar. Mas a realidade muitas vezes nos leva a ficar mais tempo do que originalmente programado. Outros já vieram com a intenção de ficar por aqui por um tempo indefinido. Quem sabe talvez voltar para a aposentadoria. Seja lá qual tenha sido o seu plano, o tempo vai passando, e logo você começa a se adaptar. Em pouco tempo você encontra um lugar para ficar, faz novos amigos, arruma um emprego, começa a falar bem o Inglês, e de repente você já está até participando das comemorações dos feriados de 4 de Julho e do Thanksgiving.


Sem você perceber, a sua cabeça começa a mudar. Você não é mais a mesma pessoa que chegou e a sua maneira de pensar já não bate com aquelas idéias que você trouxe do Brasil. É quando você encontra com outro Brasileiro recém chegado que você nota a diferença. É muito fácil entrar na rotina e adotar os hábitos dos Americanos: de trabalhar exaustivamente; de não aparecer na casa do outros sem avisar; ou até mesmo algo tão simples como não atravessar a rua até que o semáfaro para pedestres lhe diga que é seguro.


Confesse, se você está nos Estados Unidos a algum tempo, a sua cabeça mudou e trocou de cor. Agora é vermelha, azul e branca. Isso é quase inevitável.


Mas e o coração? Esse é bem mais teimoso. O nosso amor pelas coisas da nossa terra natal jamais nos deixa. Seja o sabor especial do nosso café, a beleza de nossa música, a ginga do nosso futebol, isso tudo faz parte do que somos e fica conosco para sempre. Por mais que você tente, as coisas aqui não têm o mesmo gostinho. Ir a praia nos Estados Unidos não se compara com ir a praia no Brasil. E quem já tentou entrar na onda da grande final do futebol americano, o Super Bowl, sabe bem que apesar de toda a badalação, a emoção jamais se compara com o sentimento que temos ao ver o nosso time jogar o verdadeiro futebol.


O poema “A Canção do Exílio” é um retrato pefeito do sentimento de muitos imigrantes Brasileiros nos Estados Unidos, ou em qualquer outro país:


Canção do Exílio


“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.”


Gonçalves Dias


Por mais que a gente se adapte ao país adotado, e que a nossa maneira de pensar mude, os nosso sentimentos continuam os mesmos. O amor pelo Brasil e as coisas da gente ficam conosco para sempre. E quando a saudade baixa, não é fácil.


A minha cabeça pode ter se tornada vermelha, azul e branca, mais o meu coração sempre seré verde e amarelo.
O autor do texto, como se vê, é mais um dos amantes do futebol, imaginemos em ano de Copa do Mundo, como o é 2010, como fica esse coração!
Apesar de cientificamente as "essências" brasileiras embutidas no texto acima não serem exatamente comprovadas, percebemos que o que falta ao brasileiro o escreve é este algo descrito como "gostinho" das "coisas da gente". Enfim, é um texto que fala de saudade, palavra que aliás, não é traduzida no inglês.

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A história do brasileiro interpretado pelo ator Irandhir Santos e outros latino-americanos barrados no baile pelo Sr. Marshall (David Rasche), chefe do Departamento de Imigração americana no filme de José Joffily, entra no cirtuito de cinemas brasileiros no final do mês de maio. Acompanhe o Twitter do filme @olhosazuisfilm 

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