sexta-feira, 18 de junho de 2010

A tensão racial de Joffily

No Zero Hora, em 18 de junho de 2010, por Roger Lerina.

ESTREIAS


Vencedor de cinco prêmios no Festival de Paulínia do ano passado, inclusive de melhor filme, Olhos Azuis (2009) mostra o preconceito racial e cultural dos americanos em uma trama que mistura drama e suspense policial. No novo filme do diretor José Joffily, o setor de imigração do aeroporto JFK, em Nova York, é o palco do embate entre um policial americano e um brasileiro residente nos Estados Unidos.

Em Olhos Azuis, o excelente Irandhir Santos – ator de filmes como Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo e Quincas Berro d’Água – encarna um professor universitário que está voltando aos Estados Unidos depois de visitar a filha em Pernambuco. O destino do brasileiro Nonato, porém, muda drasticamente ao ser chamado para dar explicações ao oficial de imigração vivido pelo ator David Rasche (de Queime Depois de Ler), um preconceituoso policial com problemas de bebida que está à beira de surtar em seu último dia de trabalho. Apesar dos protestos dos subalternos interpretados pelos bons atores Frank Grillo e Erica Gimpel, o modo como o oficial Marshall trata os estrangeiros considerados suspeitos conduz os acontecimentos rumo a uma tragédia.

A história de Olhos Azuis se passa em dois tempos: as cenas no aeroporto – que renderam a Irandhir o prêmio de ator coadjuvante em Paulínia – alternam-se com sequências no Nordeste, anos depois do episódio, quando o americano tenta entrar em contato com a família de Nonato. Joffily – que adaptou a trama da peça Dois Perdidos numa Noite Suja para o mundo dos imigrantes brasileiros em Nova York em sua versão para o cinema de 2002 – denuncia a intolerância aos estrangeiros que recrudesceu nos Estados Unidos após o 11 de Setembro. No entanto, a tensão e a dramaticidade de Olhos Azuis ficam comprometidas diante do roteiro implausível e recheado de diálogos didáticos e pouco inspirados, que comprometem o resultado final do filme.

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