Do site Folha de Pernambuco, por Luiz Joaquim
Olhos azuis VS olhos negros
Algo inédito acontece hoje. Pela primeira vez, um ator pernambucano, Irandhir Santos, está em cartaz nos cinemas em três filmes. “Olhos Azuis” (Brasil, 2009), de José Joffily, “Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo”, de Marcelo Gomes e Karin Aïnouz - ambos filmes estreando - e “Quincas Berro D’Água”, de Sérgio Machado. De forma curiosa, os dois primeiros podem ser vistos como um complemento, isso porque o Irandhir de “Olhos Azuis” é um professor que saiu de Petrolina e foi ao Recife cursar História na Universidade Federal de Pernambuco.
Há um movimento inverso - da metrópole para o sertão - ao de “Viajo...” em “Olhos Azuis” que é feito pelo policial da fronteira norte-americana Marshall (David Rasche). Ele segue em função de Nonato (personagem de Irandhir) que voltava aos Estados Unidos, onde reside, após visitar a filha pequena no Recife.
Funcionando em dois tempos distintos, o filme de Joffily - que já visitou o universo do imigrante nos EUA em “2 Perdidos numa Noite Suja” (2002) - mostra a tensão de quatro grupos de viajantes (um casal argentino, uma bailarina cubana, atletas colombianos, e o brasileiro Nonato dono de um restaurante) sendo interrogados no departamento de imigração do aeroporto americano JFK (na verdade os estúdios de Paulínia).
O outro tempo do filme é do trajeto de Marshall em busca de uma redenção pelo sertão nordestino ao lado da prostituta Bia (Cristina Lago).
Apesar da estrutura formal de “Olhos Azuis” não agradar a alguns já cansados do exercício de enredo múltiplo temático, exposto principalmente pelos filmes de Alejandro G. Iñárritu (“Amores Brutos”, “Babel”), o longa de Joffily funciona pela fluidez em seus dois tempos - com dinamicidade melhor aproveitada no aeroporto, é verdade.
O foco aqui é o preconceito, a ignorância, o abuso de poder e a redenção. “Olhos Azuis” é um bom exercício que caminha com desenvoltura por esses temas, e o roteiro dá espaço para seus atores mostrarem talento. Destaque para o próprio Irandhir - que aceitou o papel sem saber falar inglês - e para Cristina Lago.
Se Irandhir chama a atenção pela mistura de contenção e explosão diante da humilhação que sofre com o policial norte-americano, Cristina destaca-se pela também duplicidade de sentidos que dá a sua prostituta. Se numa hora a vemos leve e livre numa Recife festiva, também a vemos melancólica, mas altiva, pela sua condição.
Curiosidade: no curta-metragem “Azul”, de Eric Laurence, Irandhir de certa forma atua como o filho do personagem da atriz Zezita Matos. Em “Olhos Azuis”, ela também é a mãe de Irandhir.
Há um movimento inverso - da metrópole para o sertão - ao de “Viajo...” em “Olhos Azuis” que é feito pelo policial da fronteira norte-americana Marshall (David Rasche). Ele segue em função de Nonato (personagem de Irandhir) que voltava aos Estados Unidos, onde reside, após visitar a filha pequena no Recife.
Funcionando em dois tempos distintos, o filme de Joffily - que já visitou o universo do imigrante nos EUA em “2 Perdidos numa Noite Suja” (2002) - mostra a tensão de quatro grupos de viajantes (um casal argentino, uma bailarina cubana, atletas colombianos, e o brasileiro Nonato dono de um restaurante) sendo interrogados no departamento de imigração do aeroporto americano JFK (na verdade os estúdios de Paulínia).
O outro tempo do filme é do trajeto de Marshall em busca de uma redenção pelo sertão nordestino ao lado da prostituta Bia (Cristina Lago).
Apesar da estrutura formal de “Olhos Azuis” não agradar a alguns já cansados do exercício de enredo múltiplo temático, exposto principalmente pelos filmes de Alejandro G. Iñárritu (“Amores Brutos”, “Babel”), o longa de Joffily funciona pela fluidez em seus dois tempos - com dinamicidade melhor aproveitada no aeroporto, é verdade.
O foco aqui é o preconceito, a ignorância, o abuso de poder e a redenção. “Olhos Azuis” é um bom exercício que caminha com desenvoltura por esses temas, e o roteiro dá espaço para seus atores mostrarem talento. Destaque para o próprio Irandhir - que aceitou o papel sem saber falar inglês - e para Cristina Lago.
Se Irandhir chama a atenção pela mistura de contenção e explosão diante da humilhação que sofre com o policial norte-americano, Cristina destaca-se pela também duplicidade de sentidos que dá a sua prostituta. Se numa hora a vemos leve e livre numa Recife festiva, também a vemos melancólica, mas altiva, pela sua condição.
Curiosidade: no curta-metragem “Azul”, de Eric Laurence, Irandhir de certa forma atua como o filho do personagem da atriz Zezita Matos. Em “Olhos Azuis”, ela também é a mãe de Irandhir.
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